50 milhões de brasileiros já usam IA, mas potenciais benefícios continuam limitados às camadas de maior renda e escolaridade
Lançada nesta terça-feira pelo Cetic.br, TIC Domicílios 2025 traz também novos dados sobre apostas online e limitações ao uso da Internet associadas a pacotes de celular
São Paulo, 9 de dezembro – A Inteligência Artificial (IA) generativa já faz parte da rotina de mais de um terço (32%) dos usuários de Internet no Brasil, o que equivale, em números absolutos, a cerca de 50 milhões de pessoas de 10 anos ou mais. Os dados são da TIC Domicílios 2025, que revela uma rápida adoção da tecnologia, mas também observa disparidades na apropriação de ferramentas de IA entre perfis de renda e escolaridade. A pesquisa foi lançada nesta terça-feira (9) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br)
“A TIC Domicílios 2025 destaca novos indicadores sobre a adoção de Inteligência Artificial generativa entre os usuários de Internet brasileiros. À medida que a IA ganha relevância em diferentes esferas da vida cotidiana, a desigualdade na apropriação dessa ferramenta entre os diferentes estratos de renda e escolaridade torna-se um elemento que chama a atenção”, alerta Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
Além de trazer pela primeira vez dados sobre IA, o levantamento apresenta indicadores inéditos sobre apostas online e restrição ao uso da Internet devido a limitações de pacote de dados móveis. Os resultados também mostram um avanço da conectividade nos domicílios brasileiros: 86% deles têm acesso à rede (um aumento de três pontos percentuais em relação a 2024), com crescimento da proporção de domicílios com banda larga fixa (76%, ante 71% em 2024). Ao mesmo tempo, os dados expõem a persistência de desafios de inclusão digital.
Desigualdades no uso de IA
O uso de IA generativa é significativamente mais elevado entre os estratos mais escolarizados e de maior renda. A proporção daqueles que utilizaram essas ferramentas chega a 69% na classe A, caindo para 16% nas classes D e E. Da mesma forma, 59% dos usuários com Ensino Superior adotaram a IA, em contraste com 17% daqueles com Ensino Fundamental.
A principal finalidade declarada de uso foi para "fins pessoais" (84% dos que usaram IA). O levantamento também mostra o impacto na educação: 86% dos estudantes de escolas ou universidades recorreram à IA para realizar pesquisas ou trabalhos acadêmicos. Entre os que não utilizaram IA, a falta de habilidade foi um motivo mais frequente entre os que possuem até o Ensino Fundamental (65%), reforçando a desigualdade no acesso e uso de tecnologias, que pode criar um ciclo de exclusão.
“A expansão da IA generativa evidência os desafios da inclusão digital no Brasil. O acesso à tecnologia não basta se a conectividade for limitada, ou faltamrem habilidades digitais. Esse cenário indica que os benefícios da IA, como ganhos de produtividade e novas formas de aprendizado, podem continuar concentrados nos grupos que, historicamente, já possuem mais oportunidades”, analisa Fabio Storino, coordenador da pesquisa TIC Domicílios.
Conectividade móvel
A pesquisa investigou também o limite ao uso da Internet devido a restrições de alguns planos de dados para celular. Aproximadamente 64 milhões de brasileiros (39% das pessoas que têm telefone celular) afirmaram que seu pacote de dados acabou, ao menos uma vez nos últimos três meses. O problema afeta em maiores proporções os usuários de planos pré-pagos (52%), modalidade mais comum entre a população de baixa renda (61% das pessoas nas classes D e E que possuem telefone celular têm essa modalidade de plano).
Entre as pessoas que passaram por essa situação, 41% só conseguiram usar aplicativos específicos (como aqueles aplicativos patrocinados) e 39% ficaram sem acesso a aplicativos que costumavam usar.
“Os novos indicadores da TIC Domicílios sobre o pacote de dados da rede móvel trazem uma contribuição importante para o debate sobre conectividade significativa, reforçando que não basta simplesmente ter acesso, é preciso que a qualidade desse acesso permita às pessoas se apropriarem dos benefícios oferecidos pelo ambiente online”, pontua Storino.
Apostas online
A TIC Domicílios 2025 mostra pela primeira vez que 19% dos usuários de Internet (o equivalente a 30 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais) realizaram algum tipo de aposta online. A prática é mais comum entre homens (25%) do que entre mulheres (14%), especialmente em apostas esportivas (12% e 2%, respectivamente).
Segundo a pesquisa, 8% dos usuários de Internet realizaram aposta em cassino online, 7% pagaram para participar de alguma rifa digital ou de sorteio divulgado em uma rede social ou em aplicativo de mensagem, e igual proporção fez aposta esportiva por sítios ou aplicativos, ou aposta em loteria federal.
“Nesta TIC Domicílios, conseguimos identificar a proporção de usuários de Internet no país que já utilizou bets e fez apostas online. Um tema que tem gerado grande preocupação de toda a sociedade, não só pelo aspecto econômico, mas até o de saúde mental. E o que vemos revelado é um número que considero bastante alarmante: temos cerca de 30 milhões de pessoas acima dos 10 anos que já realizaram algum tipo de aposta online. Esse dado geral, e outros mais específicos que foram coletados, reforçam a urgência em se estabelecer mecanismos regulatórios e de literacia digital mais robustos sobre os riscos que envolvem a prática de jogos e apostas no meio digital”, defende Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.
Consolidação do Pix
A edição da pesquisa deste ano mostra a expansão do Pix no cotidiano financeiro dos brasileiros. Pela primeira vez medindo seu uso geral para pagamentos e transferências – e não apenas para compras online –, o levantamento aponta que 75% dos usuários de Internet utilizaram o sistema, consolidando-o como a principal ferramenta de transação digital do país.
Contudo, apesar da ampla adoção do Pix, a pesquisa revela que a intensidade e a apropriação da ferramenta ainda são eivadas de desigualdade socioeconômica. Enquanto o uso do Pix é praticamente universal na classe A (98%), a proporção cai para 60% entre os usuários das classes D e E. Essa diferença de 38 pontos percentuais sugere que, embora o acesso ao Pix se tenha popularizado, a plena participação na economia digital ainda enfrenta barreiras.
Governo Eletrônico
A busca por serviços públicos digitais foi outra atividade relevante investigada pela pesquisa: em 2025, 71% dos usuários de Internet com 16 anos ou mais utilizaram serviços de governo eletrônico. Pela primeira vez a pesquisa mediu o uso específico da plataforma Gov.br, que foi acessada por 56% dos usuários nessa faixa etária, seja para realizar um serviço para si (49%), para terceiros (18%) ou pedindo ajuda de outra pessoa (12%).
Sobre a pesquisa TIC Domicílios 2025
Realizada anualmente desde 2005, a TIC Domicílios tem o objetivo de mapear o acesso às tecnologias da informação e comunicação nos domicílios permanentes do país e seu uso por indivíduos de 10 anos de idade. Na atual edição, a coleta de dados aconteceu entre março e agosto de 2025, e incluiu 27.177 domicílios e 24.535 indivíduos.
O plano amostral utiliza informações do Censo Demográfico e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mais recente disponível, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As entrevistas são realizadas presencialmente em domicílios em áreas urbanas e, a partir de 2008, também em áreas rurais. A amostra da pesquisa é estratificada e conglomerada em diversos estágios considerando os domínios de interesse para divulgação de resultados.
A lista completa de indicadores e os respectivos resultados estão disponíveis em: https://cetic.br/pt/pesquisa/domicilios/
Para assistir ao lançamento da pesquisa, acesse: https://www.youtube.com/live/WQoVMec3fC8.
Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre o acesso e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br|NIC.br é, também, um Centro Regional de Estudos sob os auspícios da UNESCO, e completa 20 anos de atuação em 2025. Mais informações em https://cetic.br/.
Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Autônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br desde 2005, e todos os recursos arrecadados provêm de suas atividades que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no Brasil. Do NIC.br fazem parte: Registro.br (https://registro.br), CERT.br (https://cert.br/), Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br (https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://ceweb.br), além de projetos como Internetsegura.br (https://internetsegura.br) e Portal de Boas Práticas para Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/). Abriga ainda o escritório do W3C Chapter São Paulo (https://w3c.br/).
Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://cgi.br/resolucoes/documento/2009/003). Mais informações em https://cgi.br/.
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