IV Semana de Infraestrutura discute conexão com cabos submarinos


01 DEZ 2014



A 4ª edição da Semana da Infraestrutura da Internet no Brasil discutiu dentro da programação do PTT Fórum 8 o trabalho das empresas que possuem cabos submarinos no Brasil. O painel foi moderado pelo diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br, Milton Kaoru Kashiwakura, e contou com a participação de Tiago Setti (Algar Telecom), Márcio de Deus (Globenet) e Fernando Carvalho (Etice).

Segundo Milton Kaoru Kashiwakura, os cabos submarinos no Brasil vem do hemisfério Norte e passam por Fortaleza, sendo que apenas um deles passa por Salvador. Depois seguem uma rota comum, Rio de Janeiro, Santos, que tem interligação com São Paulo e depois os cabos seguem para países do sul da América Latina. Dados do TeleGeography foram apresentados e mostram que até 2010, o volume de tráfego era concentrado, principalmente, em São Paulo e Rio de Janeiro. Já em 2012, se faz presente o tráfego de Fortaleza e Salvador, em menor quantidade, mas de forma significativa.

O projeto Monet, apresentado por Tiago Setti, da Algar Telecom, foi citado como exemplo de construção de um cabo submarino ligando o Brasil aos Estados Unidos. “O objetivo é tornar a empresa mais competitiva, ter uma saída direta para os Estados Unidos e um backbone que chegue até a região Nordeste. Com isso, será possível atender novas cidades e, ao chegar nos EUA, atender novos mercados”, afirma Setti. A distância do cabo é de 10.556 km e ele sairá da cidade de Santos (SP), seguindo em direção aos Estados Unidos, na cidade de Boca Raton. No caminho, nas intermediações de Fortaleza, haverá uma ligação.

Assim como a maioria dos cabos submarinos, esse será construído por meio de um consórcio entre quatro empresas de quatro países: americana (Google), brasileira (Algar Telecom), angolana (Angola Cables) e uruguaia (Antel). O projeto foi lançado em 2014 e o prazo de conclusão é em 2016. Haverá um amplificador óptico a cada 65 km de cabo. A latência estimada é de 110ms entre Santos e Boca Raton e a tecnologia utilizada será de DWDM com espaçamento de 37,5 Ghz entre canais. Segundo o representante da Algar Telecom poucos fornecedores dominam a cadeia completa, desde a montagem e lançamento da fibra até a operação do sistema de um cabo submarino. Os maiores cabos do mundo têm oito pares de fibra e o do consórcio que esse que integra o projeto Monet terá seis.

O representante da Globenet, Márcio de Deus, aproveitou a oportunidade do encontro para falar sobre o cabo submarino da empresa que já está em funcionamento. O projeto inicial era prover conexão contínua para cinco continentes e com um grau de disponibilidade alto. A empresa adquiriu a parte do cabo relacionada ao Oceano Atlântico, que começa nos EUA. O cabo tem extensão de 23.500 km e sai dos Estados Unidos, passando pelo Triângulo das Bermudas, Brasil, Venezuela e Colômbia.

“A maioria dos problemas não acontece no mar e sim em terra. Quanto mais próximo da costa, mais problemas existem. E tudo o que acontece em alto mar não consegue ser resolvido de imediato, pode levar até três meses para ter uma solução”, explica Márcio sobre os desafios relacionados à manutenção do cabo. A Globenet disse ter interesse em fazer com que Fortaleza seja uma saída mais importante para o Brasil do que ela é hoje. “Um objetivo imediato da empresa é fazer com que os pontos de presença replicados em Nova York e Miami possam ser acessados da rede de Fortaleza e Rio de Janeiro”, acrescenta.

O presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Fernando Carvalho, divulgou durante o painel de cabos submarinos do PTT Fórum o processo de concessão pública de fibras ópticas apagadas do projeto Cinturão Digital. Ele disse que o Governo do Ceará incentiva empresas para instalar datacenters em regiões próximas aos cabos submarinos. É importante, sobretudo a presença de provedores de conteúdo, explica. “Grande parte do tráfego mundial é trocado em Miami, parte do tráfego brasileiro vai para os Estados Unidos e volta ao Brasil. É interessante que o tráfego trocado na América do Sul fique por aqui. Fortaleza é o primeiro landing point da América Latina e possui uma localização geográfica interessante para fibras submarinas”, afirma Carvalho.  

Para mais informações sobre o assunto, as apresentações dos participantes do painel estão disponíveis no site do evento: http://ptt.br/pttforum/8/agenda.